segunda-feira, 22 de março de 2010

Jornalista tem que ser cidadão

Por Natália Souza

Há oito anos trabalhando na TVAcre, afiliada da Globo no estado, Bruno Cássio é chefe de redação, editor e apresentador do jornal Amazônia TV. Formado em Comunicação Social / Jornalismo pela Universidade Federal do rio Grande do Norte e pós-graduado em Comunicação Digital pelo Instituto de Dados da Amazônia, ele também é professor de Jornalismo Online na Uninorte. Com 30 anos de idade, ele nos conta sobre a já consistente experiência que adquiriu em telejornalismo.

Natália Souza – Qual a função de um chefe de redação?
Bruno Cássio - Coordenar as equipes de redação. Essas equipes são compostas de repórteres, produtores e editores dos jornais. O chefe de redação revisa e acompanha o trabalho de toda essa gente. Na TV Acre temos seis equipes de externa, seis repórteres e seis produtores e além disso três editores. O chefe de redação tem coordenar essas equipes para que o trabalho deles saia a tempo e a gente fique satisfeito com o resultado.

Você trabalha há quanto tempo na TVAcre?
Entrei em Setembro de 2002, portanto irei fazer oito anos na empresa.

Qual a aréa de jornalismo que você mais se identifica?
Como eu trabalho em telejornalismo, eu me identifico mais com essa área. Mas existe um novo mercado se abrindo que é o jornalismo online ou comunicação digital. Por isso, busquei fazer uma pós-graduação nessa área para poder também preencher esse lado, porque hoje o jornalista não pode ser apenas segmentado e especializado em uma área, ele tem que entender um pouco de tudo.

Qual é o seu posicionamento em relação à desvalorização do diploma de jornalismo?
Essa discussão foi feita na sala de aula quando teve a decisão no STF. Teve uma coisa que eu falei muito para os meus alunos: é que as boas empresas, ou seja, as grandes empresas, aquelas que possuem tradição no jornalismo, elas vão continuar a exigir o diploma. Não adianta as pessoas quererem se acomodar. Os concursos públicos, por exemplo, exigem o diploma. A desvalorização acaba sendo uma tentativa de atingir a categoria, mas ao mesmo tempo o desprestígio do próprio acadêmico do curso em relação a profissão. Então, você estudante continue estudando pensando no diploma, pois logo logo vai vir uma lei que faz parte de um projeto que já está em andamento no Congresso pelo Deputado Paulo Pimentel, do Rio Grande do Sul, para que regulamente a profissão. A desvalorização acontece a partir do momento que você se deixa desvalorizar.

Qual é o papel do jornalista na sociedade?
Ainda ontem uma equipe nossa foi fazer uma reportagem na rua e pude perceber como é importante nós exercermos o papel de Comunicador Social. Nós achamos que somos apenas jornalistas, mas nós somos comunicadores sociais. O jornalista tem que fazer a ligação entre os problemas da comunidade e a resolução desses problemas. Tem que ser a voz do povo, a voz das pessoas que não possuem condição financeira ou de ensino pra falar, para se expressar. Então, nós temos que fazer esse elo de ligação. Hoje, o jornalista tem que ser cidadão e perguntar, pedir o apoio das pessoas que lêem o conteúdo, que assistem ao conteúdo para que elas participem e possam construir reportagens em parceria com os profissionais.

Você se considera um jornalista ético?
Eu me considero um jornalista ético porque a partir do momento que eu dou espaço para todas as manifestações em uma reportagem, seja o lado contra ou a favor, nunca coloco opiniões pessoais no texto. Existe o jornalismo opinativo, quando você faz um editorial, um artigo, mas a reportagem em si, a essência do jornalismo, tem que ser sempre imparcial. Portanto, ser ético é dar espaço as manifestações, mesmo aquelas que são contrárias ao seu pensamento.

Se você não fosse jornalista, que outra profissão você gostaria de exercer?
Quando você faz o curso de jornalismo sempre há uma comparação com o curso de Direito. São duas áreas parecidas, pois você mexe com a oratória a todo instante, você tem que falar, se expressar bem. Eu acho que se eu não fosse jornalista eu seria advogado. Mas não por essa tendência de mercado que quer obrigar a você a ganhar mais, pois Direito te dá mais oportunidades. É mais porque mexe com o poder do conhecimento. Você ter uma tese, defendê-la, convencer as pessoas e um júri de que você está certo.

Um comentário:

  1. Parabéns Natália, pela entrevista e por ser a pioneira na publicação das tarefas da disciplina no blog!
    Bj, Juliana.

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